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terça-feira, 26 de junho de 2012

Paulo Leminski

Leite, leitura
letras, literatura,
tudo o que passa,
tudo o que dura
tudo o que duramente passa
tudo o que passageiramente dura
tudo,tudo,tudo
não passa de caricatura
de você, minha amargura
de ver que viver não tem cura

segunda-feira, 25 de junho de 2012

RODA DE LEITURA - O Senhor das Moscas










Em julho, no dia 28, às 15 horas, o Ateliê do Coletivo 308, estará recebendo, mais uma vez, Lucia Sasaki, para a realização de mais uma RODA DE LEITURA 2012. O livro escolhido para esse encontro é outro clássico da literatura distópica: O Senhor das Moscas, de William Golding. Lucia é bibliotecária, contadora de histórias e realiza o projeto RODA DE LEITURA desde 2008, sendo que, atualmente, ela faz dois encontros por mês, na Biblioteca Comunitária da Ponte Grande e dentro da Livraria Nobel, no Espaço Novo Mundo, Av. Salgado Filho, 1453.
Para participar é fundamental que os participantes compareçam com a leitura individual já realizada para faciliar as discussões a respeito da obra literária.


Leia abaixo a sinopse de O Senhor das Moscas.





da Folha de S.Paulo

Um avião lotado de crianças e adolescentes cai numa ilha deserta. Os jovens sobrevivem e, aos poucos, vão se reunindo num grande grupo. Em assembléia, os meninos designam um líder. Longe dos códigos que regulam a sociedade dos adultos, esses jovens terão de inventar uma nova civilização, alicerçada exclusivamente nos recursos naturais da ilha e em suas próprias fantasias.

Até aí este romance do inglês William Golding poderia ser lido como simples aventura infanto-juvenil, cheia de caçadas, banhos de mar e, ao final, a descoberta de um tesouro escondido por piratas. Mas não é o que ocorre. Apesar dos esforços iniciais de organizar uma sociedade auto-suficiente e equilibrada, o bando vai progressivamente cedendo à vida dos instintos, regredindo às pulsões de violência e de morte. A disputa pelo poder é um dos estopins da desordem. E o paraíso do "bom selvagem" acaba em carnificina.

Invertendo o clássico Robinson Crusoé, de Daniel Defoe, em que um único indivíduo conseguia impor a civilização ao estado de natureza, Golding expressa neste romance sua descrença na bondade inata dos homens e em sua capacidade de criar um mundo melhor.

Lançado em 1954, menos de uma década após os campos de concentração nazistas e a bomba de Hiroshima, o livro carrega esse destino já no título: "Senhor das Moscas" é a tradução literal da palavra hebraica Ba'alzebul - em português, "Belzebu".

segunda-feira, 18 de junho de 2012

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Cidadela, de Antoine de Saint-Exupéry


resenha públicada por Ana Bailune


Cidadela, disponível na Biblioteca Comunitária
Há muitos e muitos anos, quando eu era apenas uma recente pós-adolescente, achei um livro de Saint-Exupéry em uma feira de livros usados. Chama-se "Cidadela." Como está escrito na apresentação do livro, "Aqui temos um livro sem princípio, meio nem fim. Impossível medí-lo, extremamente difícil apreciá-lo, bastante ingrato ceder à veleidade de lhe facilitar o acesso."

O livro começou a ser escrito em 1943, mas o autor desapareceu em combate, tendo seu avião sido abatido na Bacia do Mediterrâneo, antes de terminar a sua obra. Assim, "Cidadela" tornou-se uma obra póstuma.

É um livro sobre um rei e sua cidade, o império que ele construiu.

É um livro sobre as cidades e impérios que construímos dentro de nós.

Escolhi algumas frases favoritas para reflexão.

Sobre o trabalho:
"Pobre trabalho o teu, se não for o pão dos filhos ou transformação tua em alguma coisa superior a ti. Que vale o teu amor, se ele não for mais que procura de um corpo? A alegria que esse amor te desse, seria uma alegria fechada em si própria."

Sobre o sofrimento e a alegria:
"Aquilo que te causa os sofrimentos mais graves, traz-te também as maiores alegrias. Porque sofrimentos e alegrias são frutos dos teus laços, e os teus laços, das estruturas que te impus. Eu cá quero salvar os homens e obrigá-los a existir, ainda que os leve pela via que faz sofrer, como a prisão que separa da família, ou o exílio que separa do império."

Sobre o egoísmo:
"Onde se diz que há egoísmo, o que sempre encontramos é mutilação. E aquele que anda por aí sozinho a dizer: "Eu, eu, eu," como que anda ausente do reino. Assim a pedra fora do templo, ou a palavra seca fora do poema ou aquele fragmento de carne separada do corpo."

Sobre a colaboração:
"A pedra não tem esperança de ser outra coisa que não pedra. Mas, ao colaborar, ela congrega-se e torna-se templo."

Sobre o amor e o ciúme:
"Não confundas o amor com o desejo de possuir, que acarreta os piores sofrimentos. Porque, contráriamente à opinião comum, o amor não faz sofrer. O instinto de propriedade, que é o contrário do amor, esse é que faz sofrer........ o amor verdadeiro começa lá onde não espera mais nada em troca."

Sobre escrever:
"Quando tu escreves ao homem, carregas um navio. Mas bem poucos navios chegam ao porto. Sossobram quase todos no mar. Poucas frases há que mantenham a sua ressonância através da história.......... Que me interessam as coisas que sabe aquele que tu me indicas? para isso há o dicionário. Interessa-me mais é o que ele é. E aquele acolá escreveu o poema e encheu-o de seu fervor, mas falhou na pesca do alto mar. Não trouxe nada das profundidades. Significou-me a primavera, mas não a criou em mim na medida em que poderia ter alimentado dela, o coração."

Sobre o crescimento:
"Depois de ter fundado um rosto, é preciso que ele permaneça............. Porque a minha verdade, para ser fértil, deve ser estável. O que é que tu amarás, que será de fato das tuas grandes ações se mudares de amor todos os dias? Só a continuidade permitirá a fertilidade do teu esforço. Porque a criação é rara. Se por vezes é urgente que, para te salvar, ela te seja dada, seria mau que te atingisse todos os dias. Para preparar um homem, preciso de várias gerações. E, a pretexto de melhorar a árvore, não a corto todos os dias, para a substituir por uma semmente."

Sobre a morte e a vida:
"Embora a morte e a vida se oponham uma a outra, como palavras que são, o certo é que só podes viver daquilo que te pode fazer morrer. E o que recusa a morte, recusa a vida. Se não houver nada acima de ti, não tens nada a receber. A não ser de ti próprio. Mas que hás-de tu ir buscar a um espelho vazio?"

Sobre o poema:
"O poema é belo por razões que não pertencem à lógica, já que se situa num outro andar. Ele é tão mais patético quanto mais se estabelece na extensão. O som que é possível extrair de ti e que tu podes dar é sempre o mesmo, mas nem sempre é da mesma qualidade. E é má música aquela que te abre caminhos mediocres no coração. E o deus que te aparece é débil. Mas há visitas que te deixam adormecida, por tanto teres amado."

Um trecho da "Oração da Solidão":
"A solidão, Senhor, é apenas fruto de um espírito que está doente. Ele limita-se a habitar numa pátria, a qual é sentido das coisas. Assim o templo, quando ele é sentido das pedras. Ele só tem asas para este espaço. Ele não goza com os objetos, mas apenas com o rosto que se lê através deles e que os liga uns aos outros. Fazei simplesmente com que eu aprenda a ler. Nessa altura, Senhor, ter-me-há acabado a solidão."

É um livro belíssimo, e seria impossível esolher, entre tanta beleza, as frases certas para postar aqui. Escolhi aquelas que sublinhei há muitos anos, quando de minha primeira leitura.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Diários de Bicicleta, de David Byrne


Por: Márcia Rocha em Planeta Sustentável

Diários de Bicicleta
David Byrne
Editora Amarylis/ed. Manole, 2010
Ciclista de carteirinha há mais de 30 anos, o músico escocês David Byrne - fundador do Talking Heads, banda cult da década de 80, e conhecido por outros trabalhos ligados à música e ao cinema - se locomove sobre duas rodas não só por Nova York, cidade em que mora, mas também por outras metrópoles do mundo. Em suas viagens de lazer e a trabalho, ele costuma carregar um modelo dobrável na bagagem. Mais recentemente, adotou o hábito de alugar bicicletas nos lugares para onde viaja.

Em Diários de Bicicleta, Byrne conta suas incursões ciclísticas por cidades como Istambul, na Turquia, Buenos Aires, na Argentina, e Londres, na Inglaterra, só para citar três exemplos. E fala sobre aquelas que são mais amigáveis aos ciclistas - caso de Berlim, na Alemanha, Amsterdã, na Holanda, e de Melbourne e Adelaide, na Austrália.

Ele defende o uso da magrela como meio de transporte sem focar somente na questão da poluição ambiental - e esse é provavelmente um dos grandes méritos do livro. Os argumentos que ele usa para sustentar seu ponto de vista podem até ser vistos como um pouco egoístas, mas nem por isso são menos legítimos: a rapidez na locomoção, a maravilhosa sensação de liberdade que um passeio de bicicleta pode proporcionar ("O bastante para me manter nos eixos o resto do dia", escreve ele), um jeito agradável de fazer exercícios e a possibilidade de interagir mais com as pessoas e com a cidade, já que, segundo Byrne, um estilo de vida que gira em torno de automóveis é insustentável, em longo prazo, e desgastante no curto prazo. Isso em meio a reflexões sobre arte, arquitetura, planejamento urbano, comportamento, filosofia, moda etc. Tudo com bom humor, certa dose de ironia e um texto despretensioso, fácil de ler.

Com prefácio de Tom Zé, um dos artistas brasileiros que já teve trabalhos lançados internacionalmente por Byrne, o livro traz fotos tiradas em algumas cidades por onde ele passou, bem como divertidos projetos de bicicletários temáticos enviados ao Departamento de Transportes de Nova York . Não dá para deixar de mencionar também a simpática bicicletinha desenhada no pé da página que "anda" à medida que se avança na leitura.

Diários de Bicicleta, de Davis Byrne, faz parte do acervo da Biblioteca Comunitária da Ponte Grande.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Antologia Poética, de Cecília Meireles



Antologia poética é uma seleção, a única feita pela própria autora, de poemas publicados nos livros Viagem, Vaga música, Mar absoluto, Elegia 1933-1937, Retrato natural, Amor em Leonoreta, Doze noturnos da Holanda, O aeronauta, Romanceiro da Inconfidência, Pequeno oratório de Santa Clara, Canções, Metal rosicler e Poemas escritos na Índia, além de alguns inéditos até aquela época. De acordo com o crítico Antonio Carlos Secchin, tal seleção de textos, todavia, não se constitui em tarefa simples, na medida em que o conjunto de sua poesia é maciçamente homogêneo. Nada é mais sedutor do que recordar a aventura intelectual de uma escritora, ao mesmo tempo leitora de si mesma, a partir do material que ela elegeu como o mais expressivo de sua produção. Antologia poética é uma excelente introdução ao universo de Cecília Meireles, considerada por muitos como a mais importante poetisa da língua portuguesa.

fonte: www.livrariaresposta.com.br




 Quem quiser ler Antologia Poética, de Cecília Meireles pode conseguí-lo emprestado aqui na biblioteca.


"Cecília Meireles é uma daquelas vozes poéticas raríssimas que acontecem apenas uma vez em cada país. Com sua dicção bem autoral, a poeta consegue figurar como um dos maiores nomes do Modernismo brasileiro, claro, sem por isso, ter que ler e reler a cartilha dos modernistas da fase heróica. Sua grandeza está justamente em abandonar propostas ortodoxas e partir para uma experiência poética de extrema liberdade. Gosto de muitos aspectos da poesia de Meireles, tais como as metáforas que remetem a um universo feminino, os confrontos entre o micro e o macro, sua musicalidade neossimbolista, e o misticismo latente em cada verso. Outro tema tão caro à voz de Cecília é sua estreita relação com a morte. Dificilmente podemos ler um poema dela em que mesmo de longe ela não esteja desenhando letras que remetem à finitude humana".  
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